segunda-feira, 21 de julho de 2008

Free

Parei de fumar. Quatro dias e tudo bem...

Farewell, So long

"Hoje coloquei aqui em casa, aleatoriamente, um CD do Toquinho e do Vinícius. Foi quando, de repente, a ficha caiu. Betina. Toquinho e Vinícius é MPB, é Bossa Nova, é Rio de Janeiro. E Rio de Janeiro é Betina. Bossa Nova é Betina. E daí eu me coloquei a pensar sobre todas as outras coisas que são Betina. A amiga companheira de altos papos cabeça e de papos furado com uma taça de vinho na mão. A amiga-mãe que me acolhe no dia seguinte, na hora do porre. A amiga da balada, que samba leve e solta, esnobando os quilinhos a mais, fazendo juz aos lindos cabelos lisos esvoaçantes que balançam pra cá e pra lá num remelexo sensual. Betina que dança sozinha em casa, toda alegre com uma novidade boba. Betina que sai do cabelereiro como se fosse a mulher mai feliz do mundo só porque fez uma progressiva, e vai se exibir por aí pra ninguém, só pra ela mesma. Betina com o cigarro na mão contando suas histórias de infância, da mãe tão querida sobre a qual ela fala como se fosse quase a filha. Do pai divertido e piadista que encantava a todos ao seu redor, jogava bola com o Chico e era amigo de toda a galera da música nos anos 70. Betina que foi criada numa casa grande no Recreio. Betina, que morava com a avó materna, a mãe, o irmão e a irmã. Betina irmã do Bruno, também piadista. Betina da prima Geórgia. Betina, a tia da Isabella. Betina que me leva pro Rio de carro e me apresenta tantas músicas velhas mas tão novas pra mim. Betina que me perdoa pelas trapalhadas, pelo jeito mimado e infantil. Betina que navega comigo em sites bobos de astrologia picareta. Betina que me acompanha na balada furada e me conforta e me põe no colo depois de um fim de namoro, de uma briga caótica e de uma tempestade em copo dágua que eu fiz mas que ela nunca faz pouco caso. Betina amiga de confiança, que não fofoca história das amigas, não fala mal de ninguém, mas dá bronca, e tira sarro na sua cara de uma maneira delicadamente sincera. Betina que me carrega para a casa do ex-marido, do irmão, das amigas. Betina amiga da Fabrícia e hoje tão minha amiga. Betina do gato que me dá alergia e que mesmo assim não impede que eu vá até ela. Betina que vai morar em Londres com o namorado inglês e que nem assim vai impedir que eu vá até ela. Amo você, amiga! Muito boa sorte. Você vai ser feliz em qualquer lugar que esteja e fará sempre um milhão de amigos. Babi"

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Primeira despedida

Em cinco dias deixo Sampa, que tem sido meu lar por oito anos. Tanto foi vivido aqui, conheci pessoas que tomaram de assalto meu coração e fui feliz como não podia imaginar numa cidade fria e cinza, na visão rasa de uma carioca de meia-tijela. Parto para uma cidade ainda mais fria - que tem lá seus arroubos de calor - na expectativa de viver a felicidade que se insinua sedutoramente. Levo na mala fotos, lembranças de muitas risadas regadas a vinho, cafés da manhã, robalos ao funghi, cinemas, festas boas e micadas, medos e certezas, números de telefone, endereços de skype, msn e emails com uma intenção ferrenha de parecer que estou perto. A banda larga imposta já está instalada.
Estas últimas semanas tem sido uma maratona. Acordo de sobressalto de olho na lista infindável de coisas a fazer. Sei que mais dias de sobressalto me aguardam em Londres, na ânsia de acertar a vida antes do prazo - seja ele qual for. Nas próximas duas semanas antes do embarque no Rio de Janeiro o exercício será relaxar, parar de fumar, emagrecer, fazer as malas, grudar nas crianças.. rs Mas uma criança já fica em São Paulo. Não vá perder o cheirinho do cangote enquanto eu estiver longe e não estranhe a madrinha quando eu voltar, sim?
Agora vou entregar a televisão, que jaz sozinha em cima de um banquinho no apartamento vazio.