domingo, 16 de outubro de 2011

O Rio

Na sexta fui ao Catete. Sai do metro e, olhando para o alto, a primeira coisa que vi foram os sobrados de dois andares da rua. Tinha luz vindo de dentro das janelas do alto, o que dava um efeito todo especial. E me deu uma onda de amor pela cidade, ali parada, na saida do metro em uma rua movimentada e cheia de supermercados populares. A beleza no meio do caos. Este e' o Rio, tao feio e tao lindo ao mesmo tempo. Nao consigo perder a sensacao de a cidade ainda nao e' minha casa. Espero que me sinta assim um dia, porque na verdade nem Londres nem Sao Paulo sao. Essa sensacao de nao ser de lugar nenhum poderia ser poetica se nao fosse, de fato, triste. Mas isso tem menos a ver com a cidade do que comigo. Mas por via das duvidas, amanha vou sair, sair para andar pelas ruas, sentar em um cafe, ler as duas Empires que chegaram quase juntas depois da greve dos correios, tomar um capuccino e comer um brownie. Ai eu vou olhar para a rua e sorrir. Sorrir para a cidade. Vamos ver se ela sorri de volta para mim...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A dor de desistir da dor

Contardo Caligaris tem sido meu terapeuta semanal ha anos, pela Folha de S.Paulo. Andei achando a coluna meio fraquinha ulimamente, talvez pela ansiedade que me significasse algo que nao estava ali. Hoje, foi diferente. E ele cita Roland Barthes assim: "ele chega quase a recear que o luto acabe, como se, alem da mae adorada, ele temesse perder tambem, aos poucos, sua experiencia da perda". E como se, desistindo da dor, desistissimos tambem da pessoa que morreu, como se traissemos o amor que por ela tinhamos. Intenso. E verdadeiro em muitos momentos, apesar de nao sabermos disso.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Anonimato

Escrever achando que não há ninguém lendo tem um quê de libertador. Meu primeiro blog foi criado assim, foi descoberto e criou um certo caos por estar escrevendo "escondida". Quando fui pra Londres, o Longitude 0 Latitude 52N foi criado como forma de dividir certas coisas que não são apropriadas para os Facebooks da vida. O nome do blog em si já não tem a ver, mas segue, pois nem sei se seria possível mudá-lo.

Eu digo isso como como se tivesse muuuita coisa pra escrever e, cada vez mais, descubro que não tenho. Recentemente o Estado contratou novos colunistas e alguém me disse que deveria ser eu. E não era uma amiga. Só me senti lisonjeada depois. Meu primeiro pensamento foi: não tenho nada sobre o que escrever. Não é todo jornalista que pode ser escritor. Para ser escritor é preciso assunto. Eu tento, mas eu não tenho aquela visão crítica da sociedade, aquele olhar sagaz, a perspicácia que é preciso para ter as sacadas necessárias para escrever algo bacana. Escrever é só o meio. Como Chico Buarque, que não canta lá essas coisas, mas quem se importa diante dos versos que ele canta. Eu sou apenas uma intérprete. Nome artístico: Bebete.

Ao som da bumba

E o Rio Scenarium continua lindo. Saí para dançar e me esbaldei. Conheci gente nova e bacana, gente cuja recordação vou levar pela vida, pelo significado que teve e que ela mesma nem sabe. Mas esse detalhe não importa, o significado é meu e talvez se contado ele se perderia nas palavras. Mas esta semana foi um divisor de águas em muitas coisas. Achei uma energia, uma vontade e uma leveza de ser há um tempo perdidos e este sábado veio apenas coroar isso tudo. Hoje, dia 1 de agosto, posso dizer que estou bem.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Não estamos mais no colégio

Não estamos mais no colégio. Como se agir como um ser humano fosse algo restrito à crianças e adolescentes. Depois que crescemos, fica-se subentendido, devemos agir de forma adulta. Devemos ser maduros. E, por isso, entenda-se controlar suas emoçôes, sempre tomar a atitude correta, não se deixar levar pelo rancor, tristeza, preferências. As pessoas se esquecem que somos todos serem humanos, que temos todos nossas fragilidades, medos e desejos e, por isso, somos falhos e coloca falhos nisso. E é injusto ser julgado com base em um ideal que ninguém é capaz de atingir. Injusto para todos nós esperar que as pessoas se comportem como se no colégio não estivessem mais.E como se colégio tudo fosse permitido.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Colateral

Quando voltei eu queria ficar um tempo comigo mesma, tentando me achar, essas coisas que entraram no meu vocabulário de uns dois anos para cá. O objetivo era ficar em casa, lendo, vendo filmes, fumando um cigarrinho. Contida, introvertida, zen. Eu e o Quincas. Na primeira noite com umas taças de vinho a mais - muitas a mais - cometi meu primeiro pecado mortal contra minha autoproclamada paz de espírito. Lá vou eu para a taróloga apresentada como a salvadora para descobrir o que diabos estava errado comigo e porque o plano não estava dando certo. Levei uma bronca do tamanho do mundo, não apenas por achar que iria me encontrar sendo zen, mas também pelos mil preconceitos que levei comigo sobre o que me era permitido viver e o que não era. Mas o tiro saiu pela culatra, sai me achando ainda mais errada. Eu quero ser uma pessoa zen, equilibrada. Mas a realidade é que fico feliz mesmo, mesmo, é saindo para dançar, rindo, conversando, conhecendo gente nova. Se isso traz efeitos colaterais, segundo Shirley, é melhor eu começar a aprender a lidar melhor com eles. Quem sabe, diz ela, quando eu me aceitar do jeito que sou, os efeitos senão menores, visto que não irão transbordar de surpresa na melhor oportundade.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Tentativa

Vim aqui escrever alguma coisa, meio que para checar se o blog ainda me aceita. Tanta coisa mudou. Voltei ao Brasil na tentativa de voltar a ter uma vida que eu acreditasse ser, de fato, minha. Cá estou eu já há meses e continuo a carregar comigo a sensação de estranheza de não ter certeza quem sou, do que sou ou o que me é importante na vida. Meu cérebro segue dormente. Nem sei se estou sofrendo ou não, só sei que não estou confortável com nada. Estou restless, como se diz em inglês. Com o tempo, sem esforço algum, a sensação de familiaridade volta, pois é natural. Mas é a sensação de que algo que me era muito mais comfortável ficou para trás continua e eu sequer tenho certeza do que é.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

IMC

Integrated Marketing Communications Project. Chegou a hora. Maos a obra para comecar o bendito projeto final. Reta final do bendito mestrado, gracas a Deus. Mais alguns meses e pronto, acabou. :-)

Precisava antes de mais nada de um tema: Toblerone. Email para Anne Barker, minha professora, enviado. Acho que ela esta de ferias, mas com um ok eu ja preparo a proposta oficial a ser entregue no inicio de setembro. Forca, agora falta pouco!

Skype

Ontem passei horas pendurada com minha irma pelo skype. E fiquei pensando que maravilha esse programa. Sim, ainda fico maravilhada com tecnologia, pois no fundo ainda nao entendo como o telefone funciona. Serio, como e' que a gente fala de um lado da linha e alguem ouve nossa voz do outro lado? Enfim, estava eu conversando com minha irma e Pedro, de dois anos, veio para me mostrar a mamadeira dele. Chegou e simplesmente enfiou a mamadeira na frente da webcam dizendo aquelas coisas que ninguem entende. E eu falando "que mamadeira linda, Pedro". Como ele sabe que tem alguem real do outro lado da linha? Vai que ele nem sabe e no dia que eu chegar em carne e osso ele nao vai ligar o nome 'a pessoa. Mas eu odoro poder ter este tipo de interatividade na vida deles. Quando minha irma veio a Londres e a baba nao apareceu, os tres ficaram sozinhos por algumas horas enquanto o pai nao chegava do trabalho e eu fiquei com eles online, dando um apoio moral. A possibilidade de fazer isso foi incrivel, me fez sentir melhor, a minha irma e as criancas. O problema foi o quando o Eric veio me falar que o Pedro estava subindo na cadeira e podia cair. E o Pedro completamente fora do alcance da camera e eu falando pro quarto vazio "Pedro, nao sobe ai. Ouve a tia Be" :-)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Despedida

Dani, minha unica real amiga nesta cidade se vai no final de setembro. Sim, estou triste, mas estou sentindo algo mais intenso e dificil de explicar. Sinto que nunca aproveitei Londres na sua plenitude, nao apenas de baladas e afins, mas de estilo de vida, coisas para ver, ouvir e sentir, pessoas para conhecer e ate perrengues para passar - daqueles que viram historias boas para contar no futuro. A Dani, de certa forma, sempre foi sinonimo de alguem com estes mesmos anseios da alma, com uma mesma frustracao do nao vivido aqui. Em suma, uma alma perdida como eu e que por estar por perto me fazia sentir mais sã, mais eu mesma. Conversar com ela, sabendo ela no fim da mesma linha de metro sempre teve um significado diferente de conversar com alguem no Brasil. E ela se vai e eu estou me sentindo como cego em tiroteio. Mas ela se vai com seus proprios anseios - que agora mudam de figura - e eu tento, muito provavelmente em vao, nao ser egoista e chorar no ombro dela a falta que ela vai me fazer.

Em tempo

Joan vai bem. Em casa, mas ainda em tratamento.

Pauta para o The Guardian

Entao, mandei uma pauta para o editor de economia do the Guardian e do Observer, os jornais que eu gosto. To precisando de um up na vida! rs
Vamos ver a resposta que recebo de volta nos proximos capitulos. Imagina de rola!